Treinadores de futebol: vencer sempre

E mais uma vez, depois de 20 anos, Wanderley Luxemburgo continua mostrando que é muito bom.

Luxa pode não ser unanimidade no mengão, mas pra quem está olhando de fora, dá pra notar que é um treinador diferenciado. Daqueles que ousa sempre, que busca a vitória a qualquer custo, nem que pra isso precise ficar com apenas um volante de origem.
Seus times geralmente são tão ofensivos que o mais retranqueiro diria que Luxa 'brinca com a própria sorte', mas não, ele não brinca com a sorte, ele trabalha com competência, ousadia e inteligencia. Talvez por isso seja tão vencedor.

Não vou escrever sobre os muitos casos em que Luxa foi pra cima do adversário, vou resumir minha análise ao jogo de ontem.
20 segundos após Lucas ser expulso, Diego Maurício já estava ouvindo as instruções do treinador. Entenderam? Lucas mal havia saído de campo e um atacante já estava prestes a entrar.

Luxa adota a posse de bola e a paciência para jogar e ganhar, seus times têm muita posse, tocam muito a bola, gostam de tê-la nos pés e isso é uma característica importante num time que quer ser campeão.
Foram 8 meses com apenas 1 derrota, título carioca, eliminação nas 4as de final na Copa BR e briga constante pelo título no Brasileirão, ainda estão em 6o lugar mesmo depois de 9 jogos sem ganhar, ou seja, mantiveram uma posição equilibrada porque foram impecáveis no início/meio do campeonato, e agora estão mais do que nunca na briga. Depois de ganhar do São Paulo em pleno Morumbi com 63 mil pessoas a favor dos tricolores, estão credenciadíssimos à brigar pelo título.

Semana que vem tem o Fluminense, num clássico que vale 6 pontos. E no banco estará sentado o mais ofensivo e estrategistas dos treinadores. Aquele que estuda, que se atualiza, mas que não deixa de ser o mesmo Luxemburgo que sente necessidade de sair vencedor de tudo que participa, não nega as origens, onde precisa-se mais do que nunca da vitória e do futebol bem jogado. Parabéns por se manter em alto nível e fazer com que a frase "O medo de perder, tira a vontade de ganhar", seja interpretada literalmente de maneira contrária a cada rodada.

Ser treinador aqui  no Brasil é duro, é difícil, a cultura é complicada, a culpa sempre cai no colo desses profissionais que precisam se desdobrar para garantir um trabalho duradouro e eu dou valor à isso.
Dificilmente coloco em cheque a capacidade dos treinadores, porque assim como os 50 primeiros tenistas do ranking da ATP ou os pilotos que correm a F1, ser um dos 20 treinadores de série A, não é nada fácil, pelo contrário, é necessário atualizar-se sempre, ser inteligente dentro e fora de campo, ter o grupo em mãos, enfim, vários aspectos fazem com que os que entendem que futebol funciona assim, fiquem sempre em evidência, sempre brigando por títulos e vagas em torneios importantes; há também os que são excelentes em motivar os times que estão perto da zona do rebaixamente, enfim, cada um tem seu valor e quando a imprensa vem e fala "são todos iguais, não sei pra que mudam", eu tenho vontade de tentar explicar que não "são todos iguais", são todos bons, o problema é a falta de paciência e inteligência dos caras que comandam o futebol nos clubes e dos torcedores.

Se deixarem o cara trabalhar, se derem tempo ao profissional, outros Muricys, Luxemburgos, Scolaris surgirão e farão com que o futebol se profissionalize cada vez mais.

Sempre costumo citar o caso de Sir Alex Ferguson, que está há 23 anos no comando do Manchester United. Ele chegou ao clube inglês em 1986 e só ganhou seu primeiro título em 1992. Foram SEIS anos sem ganhar absolutamente nada. E aí? Já que gostamos de exaltar a cultura européia no mundo da bola, porque criticar o Tite que está em 2o lugar com o Corinthians, porque criticar o Adílson que com seus muitos volantes consegue ainda deixar o SPFC brigando, tem gente criticando o Felipão, onde na verdade deve-se agradecer, pois com o elenco que o Palmeiras tem, qualquer, eu disse qualquer outro treinador menos experiente já teria sido mandado embora ou pedido pra sair, e tem aqueles que deliram e criticam Luxemburgo, sem nem ao menos entender que o Flamengo só está disputando o título porque têm o Luxa, porque o trabalho foi feito com maestria nos primeiros 7 meses do ano.

Então, entendam que falar mal dos treinadores depois de 3 jogos sem vitória é mais fácil que dormir com sono, agora difícil mesmo é criticar quem faz corpo mole, quem não acompanha o marcador e toma bola nas costas, quem não ajuda a marcação...

Telê, antes de ser Telê, era cornetado mais que Adílson, Carpegiani e Tite juntos... E o final da história a gente sabe, né?!

Viva os treinadores e suas manias, seus erros, seus acertos e sua coragem em dar a cara à tapa logo após as grandes derrotas e as épicas vitórias.

Abs.
Felippe Palermo.

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