sexta-feira, 22 de julho de 2011

Mais estudo, menos bola: a chatisse do futebol atual

A cada grande campeonato que se inicia, nós começamos a fazer as boas e velhas projeções.
Os maiores clubes, os melhores planteis, os maiores investimentos, enfim, qualquer informação torna-se um bom motivo para analisarmos os times e por conseguinte, o campeonato.

Nos campeonatos de "pontos corridos", o trabalho do dia dia, de fato, faz toda a diferença, pois geralmente são campeonatos mais longos, e é aí que o melhor trabalho técnico/tático/físico ajuda a chegar mais perto do título.
No caso do "mata mata" também é necessário um trabalho decente, claro, mas com um porém, lá, os menores tem mais chances. Simples, joga-se fechadinho, esperando um contra ataque, uma bola, uma oportunidade e pronto. Matou! Ou, você usa esse esquema com a arma fatal de muitos times europeus e que está cada vez mais forte por aqui também, a bola parada.
O jogo de futebol ficou muito mais estudado, mais 'travado', mais brigado, enfim, mais chato e mecânico. Antigamente, não era raro vermos placares como 5x3, 6x4, 7x4 e assim por diante. Hoje, com toda atualização dos profissionais de futebol, o esporte tornou-se um jogo mais de paciência do que de impulso e ataques intensos.

Vamos parar de achar que todo time grande tem que ganhar dos times pequenos em todos os campeonatos que disputem. Hoje está muito igual as estruturas de treinamento, concentração e profissionalismo. É óbvio que o favoritismo existe, mas hoje, inverteram-se os valores e quem joga fechado, ultimamente tem se dado melhor do que quem ataca.
Alguns exemplos: o Mazembe eliminou o Inter no Mundial de Clubes, ano passado; Ceará e Avaí eliminaram Flamengo e São Paulo na mesma fase da Copa do BR; e o caso mais recente, as quatro seleções que mais atacaram, forçaram, tentaram o gol, tiveram seus jogos nas mãos, e foram eliminadas na Copa América: Colombia, Argentina, Brasil e Chile foram eliminados por Peru, Uruguai, Paraguai e Venezuela. E isso é futebol, não tem jeito.
Isso sem contar em duas das mais espetaculares histórias: o jogo Liverpool x São Paulo e a campanha extraordinária do Once Caldas/COL na Libertadores de 2004.
A final do Mundial de Clubes de 2005 foi espetacular. E o SPFC jogou fechado, atacou duas vezes; um chute de Amoroso nas mãos de Reina e o gol de Mineiro no lançamento de Aloisio, só. Depois disso, se vira Rogério, se vira Lugano, Fabão e Edcarlos... E deu certo. Foi um massacre absurdo, quase uma surra, mas deu certo.
Já o Once Caldas/COL foi o pioneiro no futebol recente em 'ser campeão sem atacar'.

Eliminaram simplesmente Santos e São Paulo, e ganhou do Boca Jrs. na grande final. E olha que eles foram atacados, viu?! Mas tinham um goleiro presepeiro que segurou as pontas, eliminaram o Santos em bolas paradas, o São Paulo em dois ataques, sendo um aos 44 do segundo tempo e o Boca com dois empates e título nos penaltis.
Eu era adolescente na época e perguntava pro meu pai e já me indignava: "Como pode ganharem assim? Eles não atacam, pai!!!", meu pai meio sem jeito dizia "Futebol é assim, filhão. Não da pra entender, mas o povo de Manizales deve estar feliz, pense por esse lado."
Não, eu não penso por esse lado e o Once Caldas me ajudou a criar minha idéia de que futebol é injusto demais pra ser levado tão a sério como levamos.

Eu espero que muitos Barcelonas 2011-2012, Santos 2010, São Paulo 2007, Corinthians 2009, Inter 2006 voltem a protagonizar o futebol e que os Once Caldas, Mazembes e outros times mega defensivos percam jogos e títulos, por que a essência do futebol é o ataque, o gol.

E ah, antes que chegue um monte de Zé Ong Defesa falando besteira, eu sei que o jogo, num contexto geral, pede muito estudo e muita calma antes de 'se jogar' no ataque, mas quer saber? Façamos igual Neymar, Robinho, Ganso, André e cia. deixa essa gente pra lá, tomem 3 e façam 5...

Dá pra ser ofensivo e vencedor sim!  Muitos provaram e continuam provando isso, nós queremos acreditar que a defesa é o melhor ataque. Mas não, não é.

Abs.

Felippe Palermo.


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