Mundaça de mentalidade e planejamento

A cada ano que passa, nós, brasileiros, ouvimos de todos os meios de comunicação e de mídia esportiva que o Campeonato Brasileiro de Futebol é o mais difícil e disputado do mundo.
Eu sempre concordei com essa tese, mas até um ou dois anos atrás, eu ficava sempre com um ponto de interrogação na cabeça e uma dúvida cruel: por que o time campeão, sempre ganhava com facilidade? Cade a emoção? Será que só a briga pela classificação pra Libertadores e pra não cair vão de fato até a última rodada?
Essas perguntas vieram à tona quando o São Paulo FC o campeonato de 2007 em OUTUBRO. Pensei comigo: po, a gente fala tanto do campeonato ingles, do espanhol, do alemão, do holandes, e oras, o São Paulo me ganha o título em outubro... o que vão fazer os outros até dezembro? Tá, tem a Libertadores e tem a zona de rebaixamento, mas e aí? E o título?!

O detalhe, é que o próprio campeonato e o próprio São Paulo me explicaram no ano seguinte. 1a rodada do 2o turno, Grêmio e São Paulo se enfrentariam no Olímpico, vitória do time gaucho por 1 a 0. Não adiantou ninguém reclamar do gol impedido, a vitória já estava garantida e o Grêmio fortalecido. Para o São Paulo, restavam as broncas de Muricy Ramalho e ver o tricolor gaucho com 11 pontos de vantagem sobre o próprio São Paulo.
Disse acima que o próprio campeonato tirou minhas dúvidas porque pude perceber que em 2007, dois fatos chamaram muito a atenção: o time do São Paulo jogando muita bola, ganhando pontos importantes fora de casa e sempre fazendo valer o mando no Morumbi e a falta de preparo dos outros clubes para uma disputa tão longa e complicada como é o campeonato de pontos corridos aqui no Brasil, logo, unindo um baita time, jogando bem, estruturado e muito bem preparado com os outros clubes sem esse planejamento bem feito, fácil, título em outubro e 1 mês e 1 semana pro São Paulo brincar no campeonato mais disputado do mundo e pros outros correrem atrás do que sobrou de bom.

Voltando a 2008, o São Paulo, muito bem preparado (de novo), buscou ponto a ponto a liderança e aos poucos foi vendo o Grêmio ficar mais nítido à sua frente, até ganhar o título no último jogo contra o Goiás em Brasília.
O que podemos tirar de exemplo é que o tricolor paulista foi o primeiro clube a se planejar de uma maneira concisa para o brasileirão da era de pontos corridos, por isso, pareceu ser imbatível de 2006 a 2008.

Falei tudo isso acima para ilustrar a mudança de mentalidade e planejamento dos clubes brasileiros para a longa disputa do camp. brasileiro. E não foi uma mudança fácil não, em 2009, o São Paulo não ganhou o quarto título seguido porque vacilou duas vezes no final da competição, contra Botafogo e Goiás, ambos fora de casa.
Então, quando nos deparamos com um campeonato tão truncado, tão difícil de fazer um prognóstico, devemos entender que não foi o SPFC que desaprendeu a jogar os pontos corridos e sim os outros clubes se 'profissionalizaram' nesse meio, nessa disputa.

Por isso vemos um Atlético-GO ganhando de Flamengo e Grêmio, empatando com São Paulo; Figueirense ganhando do Corinthians em pleno Pacaembu, Ceará complicando a vida dos maiores, enfim, os clubes têm elenco, têm planejamento pra aguentar 7, 8 meses de competição, caso contrário, o título ficaria sempre com São Paulo, Inter, Santos, Grêmio, enfim, os que a gente sabe que por si só já tem uma estrutura boa.

Hoje, não sabemos nem quem será o campeão do primeiro turno, devido a tamanha dificuldade dos times que estão no G4 em engrenarem e cá pra nós, feliz de quem fez os clássicos pra rodada final, porque eles podem até não valer nada na 38a rodada, mas tão valendo muito nessa próxima.

Quem sabe o Corinthians não goleie o Palmeiras em Presidente Prudente, ou porque não o São Paulo ganhar do Santos na Vila... E se o Vasco sofre outra goleada em clássicos para o Flamengo!? E se, e se, e se... É, precisamos esperar até a última rodada, porque é lá e só lá que saberemos quem será o campeão.

Como sempre falo aqui, a minha única certeza na próxima rodada é que teremos alguma surpresa.

Abs,

Felippe Palermo.

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